Sempre me considerei uma pessoa iluminada. Não como um sol, abrasador, capaz de iluminar cada cantinho de vários planetas, mas uma luz tímida, porém firme, sempre ali, capaz de estender o brilho a outrem.
Mas o problema das pessoas iluminadas é justamente esse: a gente se sente na obrigação de estender esse brilho a meio mundo.
Não que eu considere isso plenamente um problema. Acredito muito que o pouquinho de luz que habita em você, pode se multiplicar no outro. E em mais outras pessoas. Até aquele pontinho de luz se transformar numa super constelação, cheia de energia, alegria, desenvoltura.
O real problema é que a gente acaba encarando como uma missão de vida iluminar alguns cantinhos específicos e (muito) obscuros.
A gente tenta. De várias formas, ângulos, intensidades, de maneira sutil ou um pouco mais penetrante. O que não falta é tentativa: pessoas iluminadas têm muita esperança no coração. É essa esperança que nos faz seguir em frente, persistir, dar murro em ponta de faca.
Mas a gente custa a entender que há cantinho que não quer ser iluminado. Há cantinho que prefere as trevas - como alguém pode preferir isso? Pois é. Difícil de entender, né?
Num desses cafezinhos da vida eu verbalizei: não adianta ser luz se a janela está fechada. Você pode até ser o sol, mas se a pessoa possui uma cortina blackout no coração, feixe nenhum de luz consegue penetrar.
E de tanto tentar ser luz para alguém que prefere escuridão, a gente acaba perdendo a luz própria. Hoje eu quero te pedir: não perca a sua luz. Deixe que ela invada, multiplique, ilumine, mas em hipótese alguma se afete ao nível de perder o que você tem de melhor.
Acredito muito no poder de curar os outros que nossas luzes interiores possuem, mas infelizmente existem batalhas que não são passíveis de vitória. Perca a guerra, mas não perca sua luz. A gente se coloca diante de muita escuridão: às vezes é preciso ficar em frente a um espelho e se auto-iluminar. A gente emana luz, mas precisa dela também.





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