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No final do carnaval, resolvi assistir à tão falada série Making a Murderer, produzida pelo Netflix. São 10 episódios, com uma média de uma hora cada.
Antes de tudo, queria ressaltar que eu não gosto de ler nada sobre a série antes de começar a assisti-la e então mergulhar de cabeça. Então eu não sabia destas duas coisas:
A série é, na verdade, uma série documental. (Isso significa: realidade)
Não sabia a super repercussão e revolta que ela estava causando
Mas vamos à história:
A série documental retrata a história de Steven Every, um homem de 41 anos que acaba de ser inocentado de uma acusação de agressão sexual. O problema é que ele ficou 18 anos preso, de graça.
O primeiro episódio mostra como o julgamento de Steve foi parcial e nada justo, com a simples exclusão de outros possíveis suspeitos.
Aos 43 anos, enquanto movia uma ação contra o condado de Wisconsin pelo seu julgamento errôneo, Every é novamente acusado, agora de assassinato. A fotógrafa Teresa Halbach, que havia passado pela sua propriedade, estava desaparecida há alguns dias. A polícia faz, então, uma busca de oito dias na propriedade dos Avery, e encontra várias provas que incriminam Steve.
Assim, Steve é preso novamente enquanto aguarda seu julgamento. Alguns meses se passam e uma bomba estoura na mídia: seu sobrinho de apenas 16 anos, Brendan Dassey, confessa sua participação no crime e dá detalhes: estupro, cárcere privado, mutilação, homicídio e incineração do corpo de Teresa.
E aí você pensa "nossa, ele é realmente culpado!", até... assistir ao depoimento de Brendan. Percebe-se que ele foi induzido a dar aquelas respostas, apenas confirmando, e não verbalizando totalmente as informações do crime. Além do jovem perceptivelmente ter uma capacidade cognitiva abaixo da média.
Com todas essas informações, dá-se continuidade nos julgamentos do tio e seu sobrinho.
[MOMENTO SPOILER DO POST, SE NÃO QUER SABER, PULE A PARTE EM ITÁLICO]
A todo momento inconsistências são percebidas nas provas da acusação: ausência do sangue de Teresa no quarto de Steve; a chave do carro de Teresa que foi encontrada só após 4 dias de busca e sem nenhum DNA da vítima; o sangue da vítima no porta-malas do carro, sendo que, segundo a acusação, ele a matou em sua propriedade e a queimou ali; exames de laboratórios inexatos; novamente, como quando Every tinha 23 anos, a exclusão de outros possíveis suspeitos. São tantos itens para citar aqui, que o post ficaria imenso.
Na minha - e exclusivamente minha - opinião, o colega de quarto de Teresa está muito mais próximo de ter cometido o crime do que Steve. E a prisão perpétua para ambos os acusados é injusta, além de errônea.
Achei na internet uma teoria criada por fãs sobre o que realmente aconteceu, vocês podem lê-la aqui.
Em primeiro lugar, a série é muito envolvente e te prende
de uma maneira incrível, ainda mais por ser documental. Comecei a assistir e não conseguia parar, até porque estava ansiosa para descobrir o destino de Steve e Brendan.
O que eu pensei nas mais de 10 horas de série foi: como uma pessoa perdeu mais da metade de sua vida por um sistema judicial altamente questionável e corrupto. As imagens do Steve de 23 anos, segurando um de seus filhos gêmeos recém-nascido, e do mesmo aos 41, voltando para casa, só retratam como muita coisa foi tirada de um homem inocente.
O sistema penitenciário dos Estados Unidos é muito mais rigoroso que o brasileiro: penas mais duras, sem possibilidade de "saidinha" em feriados. Devido a isso, acredito que os julgamentos deveriam ser feitos da forma mais humana e justa possível - durante todo documentário são exibidas inúmeras falhas, tão inúmeras, que anulariam qualquer julgamento aqui no Brasil - até porque, quando você entra numa cadeia norte-americana, é incrivelmente difícil conseguir sair.
É claro que o Brasil e os EUA possuem constituições diferentes, então nossas percepções serão também diferentes: porém um inocente aqui, também é um inocente lá.
Outra coisa que notei foi o imenso preconceito com as pessoas que não se encaixam em uma comunidade, em um status: só por você ser diferente da maioria, você já é dez vezes mais culpado que os outros.
Por fim, o que mais ficou marcado foi minha revolta e indignação - creio que em todos que assistiram a série, também. É claro que uma produção possui um ponto de vista e métodos para evidenciá-lo, mas creio ser impossível um documentário ser tão bem arquitetado ao ponto de transmitir exatamente o contrário da realidade.
Bem, foi isso! E quem assistiu, o que achou? Lembrando que todas as opiniões desse post são exclusivamente minhas, a minha percepção sobre a série.
Espero que vocês tenham gostado da resenha!
Um beijo!






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