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| Fonte: We Heart It |
Em algum dia útil tão igual a todos os outros, eu ia para casa almoçar. Dentro do carro com o ar ligado, pensava na fatura do cartão, pensava em como queria que o dia já estivesse no fim. Fui ultrapassar mais uma bicicleta (ah, essas bicicletas que andam no meio da faixa...) e vi uma menininha de uns seis anos na garupa, de capacete, sorrindo abertamente para o sol tão odiado do meio-dia.
Essa cena já está gravada há uns três meses em minha memória, nitidamente. E nunca consegui parar de pensar em como eu queria a felicidade daquela criança. Como queria ser tão simples e sem preocupações, admirando cada segundo de um passeio de bicicleta.
As crianças estão sempre prontas para nos ensinar - e elas nem precisam de um doutorado. A única tese que defendem é a do carpe diem, mesmo sem provavelmente saber o significado da expressão. Os anos passam e vamos acumulando traumas, mágoas, ressentimentos e tristezas - coisas que uma foto de perfil vintage não consegue amenizar.
Eu sinto saudade de não reclamar desse sol tão escaldante; sinto saudades de quando não achava necessário passar um hidratante noturno antes de dormir; de não ligar se a unha está lascada ou sem esmalte. Não me lembro de reclamar de queda de cabelos, unhas fracas, enxaqueca ou dor na lombar - até porque quando a gente é criança isso não existe. Parece que quando seu cabelo começa a cair, você ganha um menção honrosa: Parabéns, você acaba de virar um adulto! E não há nada de honroso nisso.
Não é nada honroso ser indelicado no trabalho; reparar na roupa do fulano; não ter nada de bom para falar de alguém; acender velas para Deus, e para o Diabo também. Honroso é ser simples como uma criança - e por que é tão difícil?
Hoje eu deito e peço paz. Simplicidade. Serenidade. Peço que eu consiga ser tão sábia como era aos cinco anos. Mais que isso, peço para perder o medo tão grande de andar de bicicleta - e me lembrar da felicidade que senti ao não precisar mais das rodinhas.





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